quarta-feira, 11 de maio de 2016

RESENHA: "Xexelenta" de Xexenia.

Quando falamos em Xexenia raramente sabemos o que esperar, mas já sabemos de antemão o estrago que ela irá fazer. Desde seu debute lá em meados de 2013, a cantora nunca adquiriu um estilo musical fixo, às vezes arriscando no rap, outras vezes se jogando no pop ou algo mais genérico, muitas vezes fazendo-a soar como apenas "mais do mesmo".

Xexenia sempre foi uma artista que buscou trazer singularidade em suas letras, para tentar se destacar em meio ao estilo musical tão comum de se ouvir por aqui, tentativas às vezes bem sucedidas, às vezes não. Digamos que, numa escala de 0 a 10, o repertório musical de Xexenia sempre beirou entre o 6 e o 7, enquanto seu repertório visual ultrapassava metas de 8 ou 9, na mesma escala.

Mas, com o seu último grande lançamento, ela veio disposta a provar o contrário. "Xexelenta" é o tipo de álbum que você nunca imaginou ouvir na história da música virtual, o que chega a ser bastante arriscado. Depois de quase 3 anos injetando o genérico pop em nossas veias, será que se jogar tão fora de sua zona de conforto não fará mal àqueles que ainda usufruem do medicamento?


01. Xexelenta
O álbum é aberto com sua poderosa faixa título. Logo em sua primeira faixa, "Xexelenta" já mostra para o que veio. "Xexelenta" traz uma batida de funk carioca já apresentada no lead single do álbum "Potranca", porém, trocentos por cento melhor. A letra da faixa é o maior afronte apresentado por uma cantora virtual desde "I Hate Fake Pop World" da cantora Lady Murphy, com alvos de ofensa que variam de simbook à Gabi, o álbum não poderia ter começado melhor. "Escutei suas músicas e percebi que, pela sonoridade, views não significam qualidade"

02. 9090
Seguindo a linha da primeira faixa, "9090" traz uma letra engraçada sobre um tema inusitado. Nessa faixa, Xexenia canta sobre seus problemas com os pacotes de franquia da sua operadora e sua dificuldade em fazer recargas em seu telefone, tendo que se submeter a fazer ligações a cobrar sempre que tiver alguma emergência. Uma faixa engraçada, descontraída, mas nada marcante, ao contrário da anterior.

03. Potranca (ft. Katrina Prada)
Agora chegamos ao lead single do álbum, em parceria com a cantora e produtora Katrina Prada. "Potranca" tem uma ótima sonoridade, seguindo a linha apresentada até aqui, sendo mais marcante que "9090" e menos que "Xexelenta". A composição da faixa, por sua vez, é bem genérica - infelizmente. Se eu recebesse um anexo com a letra de "Potranca", sem saber de quem pertence, eu facilmente acharia que se tratava de uma novata buscando por sucesso nas paradas musicais, já que. durante toda a letra, Xexenia e Katrina cantam sobre ostentação, recalque, noitadas, sexo e etc. Qual foi a expressão usada no início do post mesmo? Ah... "Apenas mais do mesmo".

04. Tão Piranha
"Tão Piranha" é a faixa mais 'popzinha' até aqui, mesmo sendo totalmente carregada por elementos de funk. A sua instrumental mescla com batidas do ritmo carioca com alguns samples de músicas eletrônicas, natural de se ouvir em boates por aí. Com uma letra novamente "mais do mesmo", o que carrega a faixa por seus quase quatro minutos é a sua instrumental e produção, que ainda sim são razoáveis.

05. Preocupada (ft. Kelly Marina)
Abandonando o funk apresentado nas primeiras faixas, "Preocupada" é a faixa mais engraçada apresentada até aqui. Com uma instrumental bem gostosinha de se ouvir e uma produção impecável, Kelly e Xexenia largam de mão todos os problemas da vida e tacam, literalmente, o "foda-se" para tudo e todos. Originalmente, essa faixa foi lançada no canal de Kelly como uma demo descartada do seu primeiro álbum "Favela Urban", mas, com certeza, ela ficou bem melhor aqui. Parceria melhor impossível, né non?

06. Sentença
A faixa mais radiofônica do registro até aqui. "Sentença" traz uma letra interessante e até engraçada, com uma ótima produção, mas uma instrumental que - em momentos que deveriam ser de ápice - acaba pecando. Enquanto Xexenia canta em cima da instrumental, a faixa é ótima e não apresenta defeitos, porém, durante toda a pausa no refrão, ela se torna enjoativa e não traz nenhum elemento animador que te faça querer dançar ou ouvir novamente. É uma faixa relativamente boa, mas que poderia ser melhor com algumas melhoras nas escolhas.


07. Instantes
E chegamos no maior momento do álbum. "Instantes" não é só a melhor música de todo o "Xexelenta", mas também a melhor de Xexenia em todos os seus 3 anos de carreira. A instrumental, a letra e a produção se encaixam perfeitamente bem, tornando o arranjo musical perfeito. Com uma composição assinada pelas mãos de Kelly Marina e uma instrumental totalmente no estilo da demo de "Bem Doida", apresentada pela cantora no Jingle Ball 2014, não poderíamos esperar menos.


08. Matemática Corporal (ft. Tanusha)
Seguindo os moldes de "Instantes", "Matemática Corporal" é uma faixa interessante de se ouvir no repertório de Xexenia, mas é totalmente a cara da Tanusha e da Helena (que assina embaixo da produção e na co-composição da faixa). Acontece que, ao ouvir Xexenia interpretando a canção, é difícil ouvi-la cantando por cima de uma instrumental tão 90's style e falando uma letra tão formal como essa, mas, quando Tanusha aparece, é como se estivéssemos ouvindo algo do repertório da mesma. Apesar da ótima produção e da ótima instrumental, "Matemática Corporal" peca por deixar a sua intérprete principal perdida fora de sua zona de conforto, visando que o objetivo desse álbum é provar que ela sabe se adequar fora dela.


09. Outrora
Quase no fim do álbum, temos a curta e sombria "Outrora". Escolhida como segundo single do disco, a canção retrata um amor ainda não superado por Xexenia, que tenta esquecê-lo, mas simplesmente não consegue. Com uma letra impecável e uma produção razoável, o ápice da canção é o refrão cantado pela cantora e sendo interpretado ao fundo na voz de uma pessoa real, deixando a faixa mais melódica e obscura.

10. Chapéuzinho e o Lobo Mau
A última faixa do disco, e talvez a mais sincera, está entre nós. "Chapéuzinho e o Lobo Mau" é o grande desabafo de Xexenia em relação a uma amizade que a decepcionou. É aquela velha história do melhor amigo que arranja uma namorada e te joga de lado, só que mil vezes mais artística do que qualquer filme que você já tenha visto com uma temática parecida. A instrumental e a produção se casam perfeitamente, criando uma imensa harmonia durante a faixa que se completa com a maravilhosa letra escrita pela própria. Se você nunca imaginou ouvir Xexenia cantando faixas sobre desilusões ou decepções, essa é a melhor maneira de se começar.



The Author

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Linda, loira, magra e homofóbica. Formada em Jornalismo por 73 universidades federais e cantora nas horas vagas. Redatora no maior blog sobre o mundo Oddcast e apreciadora de magia negra/ocultismo.

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